O dia que meu avô se foi...

E agora, vô?
As ruas do Brás já não serão as mesmas sem você.
Toda São Paulo comovente virou um grande vulto,
E nesse conglomerado tá tudo vazio, cá dentro.

Vô, por quê?
A gente fez um acordo, não lembra?
Meus desenhos em teus tecidos,
Era pra virar "grife chick de gringo",
Era a nossa sociedade, vô!

Vô, por que eu só te conheci aos 12?
Foi pouco tempo pra nós dois...
Por que você comia tanto doce escondido?!
Era eu a responsável pela tua insulina! Falhei, vô.

Vô, em seis anos você meu deu tantos presentes,
E eu só te paguei dois pastéis no mercado central.
Por quê?

Primeiro você disse que eu ia ser atriz,
Depois você disse que eu seria apresentadora de TV,
E agora, vô? O que eu vou ser sem você?

Dentro desta caixa que te colocaram,
Tu te despedes sem poder ver todo esse concreto que tanto quisestes,
Então te digo aquelas primeiras, e agora, últimas palavras:
"O céu de São Paulo continua cinza, vô"
Mas nesse véu de desdém, agora sou eu quem chove.

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