Três versos

Perdi meus beijos no passado,
E prometi aceitar o carinho do vizinho,
Mas foi no amigo que encontrei o afago.

Entre o espaço, vazio

Não há mentira nas linhas,
Cada palavra é seu universo de verdade.
Como teia mal tercida,
Interpõe a estética à lascívia;
E do findar ao ponto que reinicia,
Fica sempre uma lacuna de saudade...

Miragem

Perdi parte de mim,
E meus sonhos ficaram na estrada;
E ao jogar os olhos ao redor,
Procurei em vão:
Era o fim do horizonte.

Pernidade

No caminho perdemos alguma coisa...
Talvez o tempo, que nos fez velhos;
Quem sabe o sorriso, ocupado pelas lágrimas;
Poderão ter sido as rosas, que sumiram nos espinhos;
Ou então amor, que se borrou nas cartas.

Enfim,
Não sei bem o que aconteceu,
Não sei aonde por certo fomos parar;
Mas acho que no caminho,
Acabamos por perder o próprio caminho...

Pintura Antiga

Nossas mãos se separaram;
O desenho do quadro desbotado:
Foi o vento e o tempo,
No desgaste da tinta, o lamento.

Lágrimas pintadas à óleo,
Aparentemente secam e cessam
Mas quando se toca a imagem
Elas rolam e o rosto desfiguram.

O borrão indefine o que foi
E o amigo some na estrada
A distância aperta o coração
"Não estamos mais de mãos dadas..."

Resta um pincel;
O pintor dele se aproxima
Duas cores e uma dúvida:
"Vale a pena refazer?"

Que diferença faz?!
Não importa se não estamos de mãos dadas;
Pois de nada valem as mãos,
Quando os corações estão separados.
 
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