Foi com o vento meu desespero,
Calou-se meu tormento.

Uma brisa leve afaga meus cabelos,
Acalenta alma, corpo, coração...

Tinha que cair,
Caiu.

Foi o tempo,
O peso,
Eu mesma,
Perdão.

Veja,
Trocaram a música,
Allors... allons danser.

O mundo depois do muro

Descobri em outro mundo
Um mundo igual ao meu.
Com luas enomes,
Melodias sinfonicamente perfeitas,
Amigos repartindo a mesma escada na noite fria,
Entre versos e prosas embaralhadas...

Parecia sonho, e na verdade era.
Não esse mundo, mas tudo em volta dele...
As pessoas eram diferentes,
O comportamento era diferente,
O jeito, a voz, as permissões...
Proibido.

Queria abrir os olhos e ver esse mundo!
Gostei dele, como gostei dele...
Mas eu não posso vê-lo,
Tem um muro na frente,
E eu não consigo mais enxergar.

Queria crescer,
Ser maior que o muro para o pular
Ou ser mais forte, para o derrubar
Ter super poderes para fazê-lo desaparecer!

O que eu mais queria,
Era aquele mundo pra mim.

Três, dois, um...

Sufoca-me.
É o tic-tac eterno desse relógio.
Esse barulho latejante,
Esse suspense agonizante,
Caustrofobolizando-me...

Não vá tempo.
Tempo, não passe!
Eu não gosto,
Eu não quero,
Vivo sentindo saudades...

Eu quero viver tempo!
Eu preciso amar,
Quero aprender a dançar,
E meu amigo ainda não chegou.

Mas você tá me levando tempo...
E eu aqui passando,
Viro lembrança.

Desjuras

Amigo, tu sabes que te amo
E mentira seria se disssesses que também não me amas
Mas este sentimento que nos une de tal maneira
É o mesmo que nos separa nesta distância...

Somos dois mundos meu amigo;
Duas pequenas parcelas de extremos.
Não sabemos de nada nessa vida,
Pois aprendemos a enxergar com o coração...

E que tolo coração amigo!
Que traição sem tirar nem por...
Não era pra ser assim,
Era pra cada um viver por si.

Não tentemos tentar,
Não dancemos a valsa,
Não juntemos as mãos,
Não peçamos perdão...

Fase de lua

O céu escuro,
As estrelas sumidas,
O encanto acabado;
Acabou pra mim.

E se não era,
Pois era então pra não ser.
Não foi dessa vez,
Mais uma vez.

Coragem é o que falta,
De ir e dizer,
Pois agora neste céu,
Tem uma nova lua cheia...

é Rebbeca, agora você não vai mais pra pediatria...

Não faz muito tempo que lembro de um muro salpiscado de um metro.
Tinha três anos de tamanho e uns trinta de ruindade
Subia no muro como um gato esperto
Pegava as florzinha barulhentas da casa vizinha para estralar na testa
E num desses dias, por subir e descer do muro,
Tombei e cai com a cabeça no chão.

Minha mãe não tava, meu pai tava
Minha mãe orientava, meu pai chorava
Lembro do sangue pelo rosto e da água no tanque
Eu só lembro do disso, o resto me contaram e eu acreditei.

O que de fato sei, é que não tivesse caído naquele dia,
Hoje tudo poderia ser muito diferente do que é.
Talvez trocasse as letras por números,
Talvez não gostasse tanto de borboletas,
Talvez lembrasse de mais coisas do que lembro,
Talvez não sentisse tantas dores de cabeça,
E com certeza nao teria essa cicatriz que olho todos os dias no espelho.

E se hoje caísse do muro, por um dia não iria mais pra pediatria
Nem ia ganhar chupeta pela chantagem emocional
Minha mãe não ia estar, meu pai também não
Nem meu irmão magrela de sorriso amarelo...
E isso, com certeza, doeria muito mais que a queda!
 
© Template Scrap Suave|desenho Templates e Acessórios| papeis Bel Vidotti