é Rebbeca, agora você não vai mais pra pediatria...

Não faz muito tempo que lembro de um muro salpiscado de um metro.
Tinha três anos de tamanho e uns trinta de ruindade
Subia no muro como um gato esperto
Pegava as florzinha barulhentas da casa vizinha para estralar na testa
E num desses dias, por subir e descer do muro,
Tombei e cai com a cabeça no chão.

Minha mãe não tava, meu pai tava
Minha mãe orientava, meu pai chorava
Lembro do sangue pelo rosto e da água no tanque
Eu só lembro do disso, o resto me contaram e eu acreditei.

O que de fato sei, é que não tivesse caído naquele dia,
Hoje tudo poderia ser muito diferente do que é.
Talvez trocasse as letras por números,
Talvez não gostasse tanto de borboletas,
Talvez lembrasse de mais coisas do que lembro,
Talvez não sentisse tantas dores de cabeça,
E com certeza nao teria essa cicatriz que olho todos os dias no espelho.

E se hoje caísse do muro, por um dia não iria mais pra pediatria
Nem ia ganhar chupeta pela chantagem emocional
Minha mãe não ia estar, meu pai também não
Nem meu irmão magrela de sorriso amarelo...
E isso, com certeza, doeria muito mais que a queda!

Um comentário:

Aíla Muniz disse...

Se não tivesse levado esse tombo, talvez não fizesse isso tudo aí de cima, e, se não fizesse isso, talvez não conhecesse a gente do jeito que foi, pelas pessoas que foram.
Ainda bem que você caiu e chegou aqui, Rebbeca :)
Feliz aniversário. Beeijo :*

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