Solta a bagadeira de bagaço e aço, flor!
A vida é uma novela, é tudo cravo e rosa...
Se não se sabe se é agulha ou novena,
Fecha os olhos, vai no sorteio e aposta no desconhecido.
Há de se saber que arrependimento,
Dor que leva ao desalento, passa e morre.
Do tiro que se solta no peito vira desgraça,
E de graça se esvai o que não se sabe se é perda ou sorte.
O passado é livro, é romance e lamento
O presente é quadrinho, é luxúria e contentamento
O futuro é carta, lágrima e veneno
Solta a bagadeira de bagaço e aço, flor!
Pois nessa vida de amor e desamor,
Convenhamos, não há mistério...
Não, nada!
Os pedaços de pão velho,
A sopa rala e insosa,
A raiva que passa e volta,
O amor que se foi bate a porta, retorna.
Dos olhos mal dormidos a lágrima rola,
Os dedos finos que se apertam e sufocam,
A magreza fúnebre, a esterelidade mórbida,
Apagam-lhe o brilho e a boca vermelha desbota.
O olhar de estrela ao céu se desloca:
"O amor é triste, minha mãe..."
A lua se volta de forças e diz:
"Não. A vida que é".
A sopa rala e insosa,
A raiva que passa e volta,
O amor que se foi bate a porta, retorna.
Dos olhos mal dormidos a lágrima rola,
Os dedos finos que se apertam e sufocam,
A magreza fúnebre, a esterelidade mórbida,
Apagam-lhe o brilho e a boca vermelha desbota.
O olhar de estrela ao céu se desloca:
"O amor é triste, minha mãe..."
A lua se volta de forças e diz:
"Não. A vida que é".
Como acontecência
Dois pássaros.
Dois pássaros na lagoa.
É domingo; na lagoa dois pássaros:
Sol.
Passa o domingo.
Um pássaro.
Um pássaro na lagoa.
É segunda; na lagoa um pássaro:
Só.
Dois pássaros na lagoa.
É domingo; na lagoa dois pássaros:
Sol.
Passa o domingo.
Um pássaro.
Um pássaro na lagoa.
É segunda; na lagoa um pássaro:
Só.
vestido vermelho
Hoje comprei um vestido.
Sempre passava e o via na vitrine.
Era meu sonho de consumo,
Nem um pouco tradicional,
Nada de similar com meu armário.
Curto. Não, curtíssimo.
Pedindo e implorando salto alto,
Ficando mais curtinho ainda.
Sem mangas ou alças,
Rezando pra cair,
Era o último, era do meu tamanho,
Exclusivo, para mim, talvez.
E o pior de tudo:
Vermelho.
Boca, batom e desejo.
No espelho via outra eu.
Resisti, provei vinte vezes e comprei.
Agora é todo meu, mas pode ser seu,
Se fores meu por um beijo.
Sempre passava e o via na vitrine.
Era meu sonho de consumo,
Nem um pouco tradicional,
Nada de similar com meu armário.
Curto. Não, curtíssimo.
Pedindo e implorando salto alto,
Ficando mais curtinho ainda.
Sem mangas ou alças,
Rezando pra cair,
Era o último, era do meu tamanho,
Exclusivo, para mim, talvez.
E o pior de tudo:
Vermelho.
Boca, batom e desejo.
No espelho via outra eu.
Resisti, provei vinte vezes e comprei.
Agora é todo meu, mas pode ser seu,
Se fores meu por um beijo.
Percepção
Vazio.
O céu se desbota e desfaz.
Faltam-me os brilhos daquele dia.
Os olhos tais quais a poesia,
Aquelas estrelas da Via Láctea de Bilac...
O céu se desbota e desfaz.
Faltam-me os brilhos daquele dia.
Os olhos tais quais a poesia,
Aquelas estrelas da Via Láctea de Bilac...
Ressaca
Quebrar os muros, juntar os mundos.
Fazendo da menor chance uma ponte,
Tornando o improvável em possível.
Através de choques e diferenças,
Relutâncias, choros e descontentamentos,
Acreditar na mudança, na superação.
Viver o filme, todas as partes.
Imaginar o encontro, a chuva, o deserto,
Deparar-se perdido no beijo.
Fazer da amizade o artifícil,
Da distância o empecílio,
Do desejo, o pecado.
Sentir-se só, escuro.
Ranger os dentes, raiva.
Rever a foto, saudade...
É mesmo que olhar o mar,
Ver a onda que vem e tristemente saber:
Quando chega, morreu; não volta mais...
Fazendo da menor chance uma ponte,
Tornando o improvável em possível.
Através de choques e diferenças,
Relutâncias, choros e descontentamentos,
Acreditar na mudança, na superação.
Viver o filme, todas as partes.
Imaginar o encontro, a chuva, o deserto,
Deparar-se perdido no beijo.
Fazer da amizade o artifícil,
Da distância o empecílio,
Do desejo, o pecado.
Sentir-se só, escuro.
Ranger os dentes, raiva.
Rever a foto, saudade...
É mesmo que olhar o mar,
Ver a onda que vem e tristemente saber:
Quando chega, morreu; não volta mais...
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