À bordo

Coração é vagão de passagem
Aquele que apita no "à vista" o trem.
Quando aparece na gare,
Vem de terno e gravata,
Carregado por um buquê de rosas,
E encharcado de perfume francês.

Até que a locomotiva pare,
Não para de suar as mãos.
Até que as mãos se enlacem,
Se em linha sozinho na multidão.

Depois de minutos de espera,
Sem a moça, desespera.
Coração pula da janela,
E embarca nesse trem.

E canta:

"Em algum canto dessa estrada,
Vai vestida de renda e flor,
Em ti, vou encontrar meu sorriso,
Que no teu riso, comedido,
Já se faz em cheiro de beijo, amor."

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